Entrevista: John's Band Of Friends


A ideia foi de João Belchior, o músico de Espinho que aqui nos responde. A inspiração veio das belas ilhas açorianas, nomeadamente da Ilha Terceira. No total 19 músicos contribuíram para um disco que demorou três meses a ser gravado. O projeto chama-se John’s Band Of Friends e cremos que o nome é profundamente esclarecedor do ambiente criado. Portanto,  And So It Is…

Olá, João, tudo bem? Quem são os John’s Band Of Friends? Podes apresentar este projeto tão peculiar?
Olá Pedro. Bom...a John's Band of Friends resulta da reunião, no estúdio, de músicos com quem toquei ou conheci ao longo dos últimos anos. Músicos com quem toquei em alguns projetos de covers ou então que fui conhecendo fora e dentro do palco.

Como surgiu este projeto e quanto tempo demorou a estar tudo pronto?
A John's Band of Friends surgiu do desejo de gravar o “disco” chave da minha experiência, musical e pessoal, tudo o que fui absorvendo durante 2015.  O And So It Is… foi composto na minha sala de estar, os temas e as ideias que tinha em mente para serem gravadas. Começei a trabalhar nas canções no início de 2016. Em junho, com o trabalho de casa já feito, entrei em estúdio com a malta que convidei para gravar.

Já tinhas tido outras experiências anteriores ou não? Qual é o teu background musical?
Bom… as aventuras em estúdio remontam já a 2011, quando gravei o meu primeiro disco com os Foxrot, banda que fundei. Gravámos o disco Tudo Isto É Puro Vício, num registo funk/rock, em português. Depois continuei a trabalhar enquanto guitarrista, com a Joana Andrade. Gravamos o Remédio Errado, disco que sai em 2015. Entre projetos de covers e viagens, foi surgindo a ideia de gravar algo meu, mais pessoal.

Que nomes ou movimentos mais te influenciam ou inspiram?
Só boas influências. O Blues (sempre), o rock e o folk são os estilos mais presentes. Se falarmos em nomes... tenho que referenciar os Pink Floyd, Dire Straits, Eric Clapton, Supertramp e o David Crosby.

No fundo, consegues reunir em torno da música os teus amigos. Quantos são ao todo?
São muitos. Ao todo, foram 19 os músicos que deixaram a sua “identidade” no And So It Is...

E como é que se enquadra aí o Mark Daniels?
O Marc Daniels foi uma bela surpresa numa jam session. Ele estava a organizar a noite, pediu um guitarrista, eu subi ao palco, engatámos num blues bem carregado com Jack Daniels e o resto é fruto da música. Foi como se nos conhecemos há anos. Depois foi o nascer de uma relação de amizade. Já tinha a Move On gravada em casa, mas o Marc foi logo a primeira pessoa em que pensei para partilhar o tema comigo. Foi sem dúvida a melhor opção.

Mas, em termos de composição das canções, és tu o único responsável ou também tens a colaboração dos amigos?
Todo o disco foi composto por mim. No estúdio, as ideias foram fluindo com as mãos e coração de cada um dos amigos e com a co-produção do António Mão de Ferro.

Explica-nos como surge a inspiração dos Açores, nomeadamente da Ilha Terceira, para este disco…
A canção And So it is…, que deu origem a todo o trabalho, nasce de um jantar de amigos. Aliás, o mesmo é representado na capa. Uma foto tirada por mim e ilustrada pela Ângela Oliveira. Tem uma enorme carga emocional. É um disco dedicado a muitos amigos que fiz lá, e à ilha (com o tema An Island). Um dos presentes, o David, representado na capa pela cor azul, faleceu pouco tempo depois. Foi o ponto de partida para a criação do disco e quase como uma dedicatória a todo o que de bom experienciei lá. O resto, músicas e letras, são fruto da minha experiência pessoal... vida digamos!

Como foi a experiência de gravação, principalmente tendo em conta a quantidade de elementos e instrumentos…
Foi incrível. O melhor de tudo foi ver os temas crescerem nas mãos de cada um. As ideias novas que foram surgindo, deles e minhas, eram sempre melhores. Cada um dos temas foi “crescendo” e, no final, ficaram muito mais elaborados e ricos. Tudo ao encontro daquilo que pretendia quando cada uma das canções ficou pronta.

Apesar da presença dos teus amigos, a tua guitarra é importante e marca a sua presença, pelo menos nos temas finais do disco. And So It Is… é um disco pessoal ou é mais do que isso?
É um disco pessoal, os músicos que ouviram as primeiras “maquetes” sentiram isso e fizeram de cada um deles o meu obrigado a cada um dos locais que visitei e a cada pessoa que conheci.

Estás nesta altura a promover este álbum que já saiu no ano passado. Pergunto-te como tem sido a receção e a aceitação?
Os concertos de apresentação foram muito bons. Principalmente pela reação das pessoas a verem tantos músicos em palco a partilhar os temas. Falta o resto... o impulso para chegar às rádios que fazem vingar uma banda no circuito nacional. Mas todos os ouvintes, amigos e desconhecidos, têm a reação esperada – um disco feito com tranquilidade e honestidade. Era esse o principal e primeiro objetivo.

E tem sido fácil levar tanta gente para palco?
Nos concertos realizados, foi fácil. A dificuldade foi arranjar dias comuns para ensaios entre tanta gente. Mas, no palco, tudo vale a pena. Cada um dos músicos foi excecional, pela entrega e musicalidade na hora de transmitir cada tema ao público.

Que objetivos te propões atingir nos tempos mais próximos?
Levar a banda a palcos, dar a conhecer o disco e sua história. Gravar um segundo álbum, porque há ideias para o fazer, mas primeiro, ver até onde é que este And So It Is... pode ir.

Obrigado. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado pela atenção dada à banda e à música. Espero falar contigo daqui a uns tempos sobre concertos, mais histórias e um novo trabalho.

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