Entrevista: Walk On Fire

Depois de um primeiro álbum, Blind Faith, que acabaria por não ter o sucesso desejado, pelo menos no lado de lá do Atlântico, os Walk On Fire foram literalmente atropelados pelo surgimento do grunge e o segundo álbum, já gravado, acabaria por ficar nas masters numa caixa debaixo da cama de Dave Cairns. Só agora, depois do interesse manifestado pela Escape Music, e com parte do grupo reunida, é que Mind Over Matter vê a luz do dia. Percebam a história na conversa que tivemos com o teclista e guitarrista Dave Cairns.

Olá Dave, obrigado pela tua disponibilidade! A primeira pergunta é óbvia e penso que já te deve ter sido feita várias vezes: por que só agora o segundo álbum?
Bem, regressando ao dia, depois do álbum de estreia Blind Faith não ter conseguido sucesso suficiente nos EUA, que era onde Alan King e eu tínhamos apostado, continuamos com a MCA no Reino Unido para fazer 125 espetáculos naquele ano. Mas eu sabia que não conseguiria o airplay necessário para ter sucesso em comparação com as estações de rádio de rock nos EUA, logo deveríamos ter estado na estrada nos EUA, e não apenas no Reino Unido pelo que no final batemos numa parede de tijolos.

Como foi que este regresso começou a ser possível e quando começaram a falar sobre isso como uma possibilidade real?
É muito triste, mas o guitarrista Michael Casswell afogou-se na Espanha em outubro passado e fui ao YouTube ver o nosso vídeo Blind Faith filmado em Los Angeles, para ver se alguém, passados todos estes anos, tinha deixado alguma mensagem de condolências a respeito de Michael e havia uma mensagem do Khalil da Escape Music perguntando se tínhamos gravado um segundo álbum. Foi aí que entrei em contacto com eles.

Acredito que, durante este longo período de tempo, falaram deste lançamento várias vezes. Na realidade, qual foi o clique principal que desencadeou tudo?
Depois que nos separamos da MCA, gravamos muito material em Londres e em redor de Londres, mas a música grunge tinha acabado de explodir na cena e nenhuma editora no Reino Unido nos procurava, assim que um dia, resolvi juntar todos os DAT masters de cada estúdio e mantive-os numa caixa debaixo da cama todos estes anos. Até que os levei a um estúdio de masterização e sentei-me com Khalil da Escape Music e foi incrível ouvir todas essas músicas que eu tinha esquecido há muito tempo (eu só as tinha no DAT e nunca tive onde as tocar!). Em seguida, surgiu a capa e o álbum foi colocado no calendário de lançamento da Escape Music.

Como foi a disponibilidade mostrada pelos ex-membros para este renascimento? A química ainda está lá?
Demorou bastante tempo para localizar Alan King pois o meu telemóvel tinha sido roubado no estrangeiro e perdi todos os meus números, mas agora estamos em contato e começámos onde tínhamos parado. O baixista Phil Williams ainda anda por aí a fazer grandes coisas; o baterista Trevor Thornton agora vive perto de Los Angeles; e programador Richard Cottle ainda cria a sua magia no seu estúdio caseiro. A grande tragédia é Michael Casswell que já não está connosco e eu sei o quanto ele teria adorado ver isso finalmente cá fora com esta grande guitarra.

Então estão todos que gravaram Blind Faith com exceção de Michael Casswell?
Somente eu, Alan King e Richard Cottle do álbum Blind Faith gravamos este segundo material.

Neste conjunto de doze canções (para além de uma faixa bónus) há alguma nova?
Todas as músicas foram escritas e gravadas em 1992. E óbvio que é muito tempo, mas gostaria de pensar que as músicas e as apresentações resistiram ao teste do tempo.

Agora, com este novo disco, a banda está pronta, novamente, para ir para a estrada? Alguma coisa já está planeada e definida?
Para ser honesto, isso é algo que ainda não discutimos! Ainda estamos em choque com este segundo álbum cá fora depois de todos estes anos.

Acredito que agora haja a possibilidade de mais música e novos discos. Já pensaram nisso ou ainda é cedo e preferem esperar para ver as reações relativamente a Mind Over Matter?
Este disco apenas prova que nunca se sabe o que vai acontecer a seguir!

Muito obrigado, Dave! Queres adicionar mais alguma coisa a esta entrevista?
Só quero agradecer ao Khalil e ao Barrie na Escape Music por fazer isso acontecer.

Comentários