Se Marylin seguiu os passos de Vox In Excelso em termos de álbum
conceptual, Redemption acaba por nos
mostrar uns Saracen de regresso às suas raízes heavy metal sem qualquer conceito lírico. Três anos depois do álbum
que revisita a história do símbolo americano, voltamos a conversar com Rob
Bendelow para perceber as motivações da banda britânica para a criação de mais
um grande disco.
Olá Rob e
obrigado por mais esta oportunidade. O que têm feito os Saracen desde a última
vez que falamos, há três anos?
Olá! É muito bom falar contigo novamente.
O nosso álbum Marilyn foi lançado no
verão de 2011. Depois de alguns meses parados, começamos a trabalhar neste novo
álbum. E isso dominou o nosso tempo até ao início do verão deste ano (2014).
Definitivamente
Redemption é um regresso às vossas
origens. Em que fase decidiram ir por esse caminho?
Por alturas do Natal de 2011, Steve e
Paul B vieram visitar-me. Fomos para o meu pub
local e falamos sobre Marilyn. Em
retrospetiva, sentimos que ele não era um verdadeiro álbum de Saracen em termos
de equilíbrio de estilos de música e grande quantidade de convidados. Não me
interpretem mal - nós colocamos todo o nosso coração e alma nele e a contribuição
dos convidados foi ótima; não há palavras para descrever como foi trabalhar com
Robin Beck. Mas… no fim de contas, Marilyn
foi um álbum que deixou pouco de nós. Então, eles desafiaram-me a escrever um
álbum de Saracen de regresso às nossas origens. Redemption é o resultado.
Um álbum com
guitarras pesadas e vocais em jeito de sirene, na senda do NWOBHM. Concordas? Era essa a vossa intenção?
Em termos de NWOBHM, não concordo, mas guitarras pesadas, vocais ricos, letras
fortes e teclados exuberantes são parte integrante da marca Saracen. Assim, sim,
foi absolutamente nossa intenção criar um álbum pesado de Saracen (e eu acho
que fizemos!).
E desta vez
não é um álbum conceptual…
Correto. Tanto Marilyn como o seu antecessor Vox
In Excelso foram álbuns conceptuais. Por outro lado, Redemption, é uma coleção em linha reta de faixas que não se
relacionam (como Red Sky e Heroes, Saints & Fools).
Portanto, é
uma espécie de redenção para os fãs?
Acho que sim. A lealdade dos nossos
fãs, em todo o mundo, nunca deixa de nos surpreender. Redemption é, definitivamente, para eles. Acho que isso mostra os
Saracen no seu melhor. Há, é claro, luz e sombra ao longo dos 70 minutos de
música, mas a paisagem sonora é dominada pelo nosso som caraterístico, de heavy rock sinfónico. Para os fãs de
Saracen sentimos que tínhamos passado uma tangente com Marilyn. Esperamos ter-nos redimido verdadeiramente com este álbum.
E não deve
ter sido uma tarefa difícil ter voltado ao vosso som original?
Totalmente! Apenas andamos uns anos para
trás. Podemos já não ter cabelo... mas nunca se perdem as raízes. O meu
trabalho é escrever as músicas. Sem inspiração não tenho nada, mas felizmente
correu bem e rápido, depois das visitas natalícias do Steve e Paul.
De qualquer
forma, é um regresso às origens muito atualizado, não concordas? Que
percentagem desse update esteve nas
mãos de Tommy Hansen?
Absolutamente. Tommy é um mágico! A sua
contribuição aqui não pode ser exagerada. Com Redemption ele criou o nosso melhor álbum de sempre. A minha banda
favorita - Black Sabbath - criou o álbum maravilhoso que é 13, graças à sua genialidade, é claro... mas afinados pelo seu
produtor Rick Rubin. A contribuição de Rubin foi a adição definitiva para o cocktail Sabbath. O mesmo se passou com
Tommy e Redemption.
Ainda assim, Marylin foi um enorme sucesso. Alguma
vez pensaste em quão difícil seria fazer um álbum ainda melhor? Sentiste alguma
pressão por isso?
Não, realmente. A abordagem back-to-our-roots permitiu-nos ver
claramente o caminho a seguir. Foi como voltar para casa.
Este álbum
também inclui duas músicas de 1981. Porque decidiste incluí-las? São diferentes
versões?
Não são bem diferentes versões, mas antes
gravações totalmente novas. Sempre quis regravar os quatro hinos do nosso álbum
de estreia. Fizemos Horsemen
Of The Apocalypse e Heroes, Saints & Fools no nosso álbum Red Sky. Ficaram a faltar Crusader
e Ready To Fly - daí a sua oportuna
aparição em Redemption. Tocando
novamente estas músicas senti-me como estivesse a visitar velhos amigos!
A canção Reacher tem uma história curiosa. Pode contar-nos?
Quando a poderemos ver num filme?
Seria realmente fantástico vê-la no
próximo filme Reacher! Eu sou um
grande admirador de romances. Lee Child criou uma fantástica personagem em Jack
Reacher - tão bem retratado que parece cada vez mais real a cada leitura. Fui
inspirado a escrever uma música sobre Jack, tão simples quanto isso. Lee ouviu
uma demo da canção e concordou que ela
capturava a sensação de seu caráter. Louvor, de facto!
A respeito de
convidados têm mais uma vez a Karensa Kerr, embora desta vez a lista de
convidados seja bastante mais curta. Também, não fazia sentido ter muitos convidados,
suponho eu…
Correto. Desta vez não havia necessidade
de ter muitos convidados. Há apenas uma balada em Redemption, e senti que esta iria beneficiar da abordagem rapaz-rapariga, daí o nosso convite para
Karensa para estar ombro a ombro com
Steve. Acho que fizeram um ótimo trabalho. Karensa também teve uma grande
contribuição para o nosso álbum Marilyn.
Podes
explicar-nos a situação de Richard Bendelow. Ele não é membro efectivo dos
Saracen, embora tenha participado a tempo inteiro em Marylin?
Correto. Richard é um Bendelow júnior. É um bom cantor e um
artista consumado. Richard cantou todas as harmonias vocais em Redemption, além dos vocais agressivos
estilo hip-hop em Reacher. E sim, também teve uma grande
contribuição em Marilyn bem como em Vox In Excelso.
Já têm alguma
tournée planeada?
Nunca digas nunca, mas para já não há
planos para tocar ao vivo nesta fase.
Obrigado Rob,
mais uma vez! Foi um prazer conversar contigo. Queres acrescentar mais alguma
coisa para os nossos leitores ou para os teus fãs?
O prazer é mútuo! Tal como antes – um
enorme obrigado pelo teu apoio e pela oportunidade desta entrevista. Para os
fãs - o que podemos dizer - 35 anos de lealdade... e somando! Enorme gratidão dos
membros passados e presentes de Saracen. Esta é a verdadeira inspiração por
trás do que fazemos. Esperamos que gostem de ouvir Redemption tanto quanto nós
gostamos de o ter feito. Saudações!
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