Entrevista: The Call

Michael Been foi o mentor dos The Call, banda rock ativa durante os anos 80. O seu falecimento ocorreu quando trabalhava como engenheiro da banda do seu filho Robert, os Black Rebel Motorcycle Club. Na altura já os The Call estavam inativos. A grande homenagem a Michael, com a presença do seu filho no seu lugar, decorreu em dois espetáculos em S. Francisco e Los Angeles que foram gravados e agora disponibilizados. Numa entrevista cheia de sentimento com o teclista Jim Goodwin lembrámos um pouco da história dos The Call, embora nos tenhamos focado mais em detalhe neste sentido tributo.

Olá Jim! Obrigado por esta entrevista! Os The Call estão de regresso com uma homenagem ao seu falecido vocalista Michael Been. Quando esta ideia começou a ganhar vida?
Depois de Robert ter cantado You Run no memorial de Michael.

E quem foi o principal responsável?
Tom Ferrier perguntou-lhe se queria fazer uma performance maior com a antiga banda. Rob fez um ensaio em conjunto em Los Angeles e todos nós sentimos que poderia resultar. Foi necessária uma quantidade enorme de trabalho por parte do Rob, obviamente, mas todos nós apoiamos o seu esforço.

De regresso ao passado, o que aconteceu em 1990, para pararem repentinamente depois de sete álbuns bem recebidos?
Casei e quis ter filhos e queria estar em casa com eles, não na estrada com uma banda.

Ainda antes disso, as vossas primeiras demos foram todas rejeitadas por todas as grandes editoras. Como lidaram com essa situação na época?
Na altura ainda não estava na banda. Mas também eu fui rejeitado por bastantes editoras. É uma questão de manteres a fé e continuar a fazê-lo porque amas o que fazes, e não porque queres ser validado.

Todavia, em 1997, estavam de regresso com um novo álbum. Desde aí, nunca mais se juntaram de novo até 2013?
Michael tinha um álbum que precisava por cá fora, por isso voltamos apenas por esse álbum. É um álbum poderoso - To Heaven And Back. Vamos relança-lo no próximo mês pela Label Records.

Finalmente, em 2014, decidiram gravar um dos vossos espetáculos. Onde gravaram?
Filmamos um em San Francisco, no Slim’s e na noite seguinte em Los Angeles no The Troubadour.

Consegues descrever os primeiros espetáculos dos The Call sem o Michael, mas com o seu filho?
Isso é uma grande questão para ser respondida. Houve tantos sentimentos e nuances. Fiquei impressionado com a capacidade de Rob para tocar os licks de baixo e cantar todas as letras.

Acredito que estes espetáculos tenham sido bastante emotivos. Como lidaram vocês, em palco, com todas as memórias?
Senti uma saudade tão profunda, que pensei que estávamos novamente em 1986. Principalmente foi como um sonho, muito surreal. Havia tanta coisa que era familiar e, ao mesmo tempo, tanto que era novo. Ouvi as músicas de uma maneira completamente diferente por causa da minha idade e experiência de vida. Foi uma das mais maravilhosas semanas da minha vida.

E neste espetáculo que foi gravado esteve presente a irmã de Michael. Houve uma altura em que a apresentaram…
Linda. Foi muito emocionante para todos nós. Ela é um anjo.

Como foi a adaptação de Robert à banda e às músicas dos The Call?
Rob fez algo que poucas pessoas conseguiriam fazer. Aprendeu todos os licks de baixo, e não apenas as linhas de baixo. Depois, memorizou todas as letras, e são muitas. Ele parecia muito o seu pai em 1986, a pregar partidas nas nossas mentes. Todos nós pensamos que estávamos em 1986. A voz de Rob é diferente, mas ele encontrou o tom que nunca soube que tinha. Foi maravilhoso.

Como receberam os vossos fãs a notícia do vosso regresso com o filho de Michael?
Os fãs estavam muito bonitos! Especialmente em San Francisco. Pude sentir o amor da multidão derramado no palco como as ondas do oceano. A sua empatia com um filho que tinha perdido um pai, e a reverência que sentia pelo seu pai. Era como se eles quisessem mostrar a Rob quanto eles amavam o seu pai. Foi a energia mais espiritual que já senti. Os nossos espetáculos sempre tiveram algo assim, mas neste foi diferente. Foi muito poderoso.

Esta ideia é para parar após alguns espetáculos ou é para continuar? Há a hipótese, também, de um novo álbum de originais?
Não sabemos o que o futuro nos reserva. Não acho que façamos isso sem o Rob. E não sei se ele precisa de o fazer novamente. Foi um evento e foi perfeito.

Bem Jim, foi um prazer conversar contigo. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Apenas "obrigado". Estamos muito gratos pelo apoio de todas as pessoas cujas vidas foram tocadas pela nossa música. Michael foi um dos maiores, um dos mais poéticos letristas como frontman de uma banda de rock de sempre. Todos tivemos a sorte de poder colaborar com ele. E nós estamos eternamente gratos a todos os fãs que vieram para ouvir e participar. Gostaria que houvesse mais escritores como Michael no Rock and Roll. Acredito que estejam por aí. Talvez a nossa música possa inspirar um a levantar a tocha. Deus abençoe!

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