Com Limbo os Derdian mandaram às malvas as editoras e assumiram uma postura de total
independência. Para além disso, tinham entre mãos um disco com um potencial
enorme. Um ano volvido e os italianos estão de regresso. Novamente
independentes, novamente poderosos, novamente híper-melódicos e super-técnicos.
Mais uma vez Enrico Pistolese acedeu a levantar o véu sobre a nova proposta Human Reset. Uma conversa que passou por
mais uma troca de baixista, por aliens,
por Silvio Berlusconi e por muitos outos temas de interesse. Confiram.
Olá Enrico, tudo bem? Faz um ano
que falámos pela última vez. O que fizeram durante este ano?
Olá, muito obrigado pela tua atenção.
No último ano, andamos muito ocupados com a composição, arranjo e gravação de
nosso último álbum Human Reset.
Novo álbum
que já saiu há um par de meses. Como tem sido a sua receção?
Ficamos espantados ao perceber que as
reações têm sido realmente fantááááásticas!
Tivemos ótimas críticas e este álbum foi considerado o melhor dos Derdian, por
isso estamos muito felizes e orgulhosos deste nosso novo trabalho.
Há uma grande
notícia para este álbum: o regresso de Marco Banfi... e como falamos na última
vez, mais uma mudança de baixista...
Sim, parece que não temos sorte com
os baixistas, todos eles nos odeiam! Grrr,
bastardos malditos! No entanto, sim, temos sido obrigados a mudar de baixista
devido aos desentendimentos musicais habituais, mas, desta vez, não queríamos procurar
e encontrar um novo baixista porque no metal
há tantos que persistem em querer fazer muitas notas e não percebem que o
baixista certo para a música dos Derdian é alguém capaz de fazer o essencial. Groove e poder! Mais nada. Marco Banfi é
aquele que conhecemos ao longo da nossa carreira com estes requisitos e todos
na banda sabíamos isso, portanto quando perdemos Luciano, pensamos: "vamos
chamar o Cat (é o seu nome artístico),
ele de certeza que nos vai ajudar!"
Também
podemos notar algumas diferenças na linha musical. Mais forte, porém mais
melódico. Como foi a concepção deste álbum?
Mais forte porque, como o passar dos
anos, estamos cada vez mais pissed off!
O próximo será certamente um álbum de thrash
metal e vais ouvir o Ivan e eu a berrar todo o tempo numa versão “que se
lixe o mundo”!!! GRRRAAAAAAURRRR!!!!
Melódicos, porque no entanto, somos uma banda de metal sinfónico e não podemos dececionar os nossos adorados fãs mais
antigos! No entanto, o esquema é sempre o mesmo, não pensamos na música que
vamos fazer. Ela surge nas nossas mentes doentes e diz: "Olá, eu sou a
nova música!!!"
E podemos ouvir,
por vezes, o Ivan a cantar em notas mais baixas. E funciona muito bem! Isto é, definitivamente,
vocês assumiram o risco da evolução?
Ficarias contente em ouvir um cantor
que canta sempre em notas altas? Eu desligava o meu aparelho de som após a primeira
música! Um bom cantor tem de ser versátil e tem que ser capaz de cantar alto,
baixo, médio, médio-baixo, médio alto, médio-médio, alto-baixo, baixo-alto... argh argh ...... mpppfff argh! Brincadeiras à parte, um bom cantor deve interpretar
o que ele canta como num teatro, portanto o que ouves não é um risco, é a
normalidade!
E, deixa-me
dizer-te, grandes solos como sempre. Qual a percentagem de planificação e
improvisação que existe nos solos de teclado e guitarra?
100% de improvisação e isso porque o Marco
Garau (Garry para os amigos) é muito talentoso e não precisa estudar nada.
Dario Radaelli (... Dario Radaelli para os amigos...) é um idiota, porque ele
não estuda nada, mas é um sortudo por isso tudo que ele toca é muito fixe, (exceto
as suas guitarras ritmo que realmente não prestam! Por isso essa é a minha
única função: tapar os buracos dele... ehm,
por favor, não entenda mal!) Dario és um bastardo e um dia ainda te mato!
Falando de
solos, como surge um pequeno excerto de Love
Story no solo de Mafia?
Sinceramente não nos tínhamos
apercebido, é a primeira vez que alguém refere isso. Há um excerto do Padrinho mas de Love Story, não sabíamos nada.
Liricamente abandonaram
definitivamente as temáticas da fantasia para se concentrarem, mais uma vez,
sobre assuntos reais, certo?
Sim, descobrimos que falar sobre
assuntos atuais é porreiro e engraçado e também descobrimos que temos muitas coisas
a dizer sobre o mundo e a vida e sobre a futura extinção da espécie humana, etc
etc... É muito gratificante para estimular a nossa fantasia assistindo à
realidade. Quando se escreve uma saga em que se usa a fantasia para estimular a
fantasia é um processo diferente. No entanto, em Human Reset falamos sobre aliens,
extinção humana, um suicídio no subsolo, um amigo desaparecido, o nosso antigo primeiro-ministro
Silvio Berlusconi (em Mafia) e outras
coisas mais. Como vês, neste momento, não há um tema geral, como em Limbo, mas deparamo-nos com um monte de
problemas.
E qual o significado
para um título como Human Reset? Será
a solução para todos os problemas causados pelo homem?
Ótima pergunta, muito obrigado, és um
verdadeiro profissional! SIM!!!
Tenho alguma
curiosidade em relação a duas canções: Mafia
e Write Your Epitaph. Podes descrever
o seu conceito?
Mafia é uma cena imaginária que representa
um chefe no seu escritório instruindo os seus lacaios para espalhar o seu nome na
cidade (da maneira mais dura também), a fim de o anunciar a ele e ao seu
partido para as próximas eleições. A cena é imaginária, mas quando escrevi essa
canção estava a pensar em Silvio Berlusconi, porque realmente isso aconteceu.
No entanto, no final, o chefe percebe que os dois capangas são dois agentes do FBI
infiltrados e mata-os. Em Write Your
Epitaph, os alienígenas vêm falar com os homens antes da sua invasão e dizem-lhes
que o seu domínio acabou e que eles não merecem viver num planeta tão belo. Por
isso os humanos irão morrer para dar lugar a uma raça mais merecedora.
Segundo álbum
sem editora e está hora de te interpelar sobre esta experiência. Na verdade,
vocês não precisam de qualquer editora para fazer dos Derdian um dos maiores
nomes do metal atual?
Exatamente, as editoras de hoje não
se preocupam com as bandas e só estão interessadas em fazer algum dinheiro com
elas. Por isso, não escolhem as melhores e as que merecem ser realidades
internacionais, mas escolhem muitas. Obviamente, assim, não são capazes de
promover, anunciar e ajudar todos de forma adequada. Sem seleção, bandas em
demasia e muitos álbuns produzidos, o mercado está saturado e arruinaram a cena
musical para sempre. Com a internet,
hoje em dia, uma banda não precisa de uma editora. Tem todas as ferramentas
necessárias, a fim de aumentar a sua fama e alcançar os seus fãs. Pessoal, não
vendam as vossas criações a alguém que não se preocupa com a vossa música nem
com vocês!
Como são os Derdian
ao vivo? Vocês fazem uma referência a que não usam nenhum backing tracks ao vivo...
É precisamente isso. Queremos que os
nossos espetáculos ao vivo sejam o mais natural possível, não usando backing tracks. Assim, tudo que ouves é
tocada ao vivo pela banda. Como resultado terás um som diferente do álbum, mas
nós gostamos assim! Quem quiser ouvir o CD, vai para casa e coloca-o no seu
aparelho de som. Ao vivo, tem que haver uma sensação e uma emoção diferentes
com a banda, e a banda também tem que ter um sentimento diferente com os fãs.
Por falar
nisso, algumas datas já agendadas?
Por enquanto ainda não. Estamos a trabalhar
nisso.
Já têm algum
vídeo deste álbum?
Estamos a trabalhar no vídeo de Write Your Epitaph que será lançado nos
próximos meses.
Obrigado
Henry, mais uma vez. Foi um prazer! Queres acrescentar mais alguma coisa para
os nossos leitores ou para os vossos fãs?
Foste muito profissional com as tuas
perguntas, e por isso tive a oportunidade de comunicar tudo o que eu achava
importante. Muito obrigado, foi um prazer para mim também. No entanto, gostaria
de agradecer a todos os teus leitores também, porque sei que às vezes sofro de verborreia
e se tiveram a paciência para chegar ao fim, são heróis! Seguramente! Adeus
pessoal! Adoramo-vos!
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