Entrevista: Carl Verheyen

Ex-guitarrista dos Supertramp, músico de sessão, músico independente – eis Carl Verheyen. Depois de um álbum com a Carl Verheyen Band e um outro em nome próprio em que convidou alguns guitarristas amigos, Carl decidiu mudar a estratégia em Mustang Run, o seu novo trabalho. Agora os convidados são tudo menos guitarristas. E este foi um dos tópicos da conversa que mantivemos com o guitarrista americano.

Olá Carl! Obrigado por esta entrevista! Podemos falar um pouco sobre o teu novo álbum? Como foi todo o trabalho de preparação que culminou nesta obra?
Eu passo muito tempo a praticar e durante os períodos mais profundos novas ideias começam a surgir. Principalmente catalogo essas ideias para improvisar, mas quando um motivo melódico é suficiente forte para ser uma música gasto o tempo a desenvolvê-lo. Eu traço todas as minhas músicas para que os músicos as possam ler pela primeira vez em estúdio.

É verdade que, antes de criares Mustang Run ouviste 10 CD’s de seguida? Foi essa a inspiração?
Sim, peguei em todos os CDs que costumava ouvir ano após ano. Os CDs que eu toquei centenas de vezes. Avaliei cada um, como ele foi especial, o que me faz voltar a ouvi-lo. Conteúdo e textura melódica foram elementos fundamentais que existem nessas gravações e, sim, foi uma grande parte da minha inspiração para Mustang Run.

Em 2009, com Trading 8s optaste por ter guitarristas convidados. Agora mudas e tem como convidados... elementos para a secção rítmica. Porque estas escolhas?
Bateria e baixo, teclados e trompetes podem ser ainda mais inspiradores do que um colega guitarrista. Quis escolher os músicos que são bons amigos em vez dos conhecimentos musicais casuais. Conheço cada músico e sei em que músicas eles soariam melhor!

Este álbum surge depois de teres lançado um outro com a Carl Verheyen Band. Em que consistem ambos os projetos? São paralelos?
A Carl Verheyen Band está sempre a mudar, porque o alto nível dos músicos com quem gosto de trabalhar estão muito ocupados com outros projetos musicais. Assim, mesmo que eu queira muita coerência, a composição da CVB resulta muitas vezes de quem está disponível para tournée nesse ano.  

De regresso a Mustang Run, qual é o significado deste título?
Essa é uma história engraçada! O meu filho de 17 anos comprou um Ford Mustang 1997 com o seu próprio dinheiro, depois de trabalhar durante todo o verão. Mas nós (mãe e pai) ainda tivemos que por muito dinheiro para ele funcionar! Pneus novos, nova bomba de óleo, novos para-choques, nova correia de distribuição. Pensa em qualquer coisa e… precisava de ser substituída! Depois de algum tempo, era só esperar que aquele Mustang pudesse correr (RUN).

Como foi a seleção dos músicos convidados? Todos os que tinhas em mente estavam disponíveis?
Às vezes tenho que esperar para que todos os músicos terminem as suas tournées, mas sim toda a gente que eu queria estava disponível e disposta a contribuir.

Como decorreram as sessões de gravações? Estiveram todos juntos ou alguém gravou sozinho?
Quase sempre gravamos ao vivo no estúdio. Apenas John Helliwell (o meu querido amigo e saxofonista dos Supertramp) teve que me enviar a sua faixa porque vive na Inglaterra.

Este disco tem apenas uma música cantada. Era a tua intenção desde o início? Já agora, quem canta essa música?
Sou eu que canto. Não era a minha intenção incluir essa canção, mas muitos fãs a pediram depois de nós a tocarmos ao vivo.  

Continuas a tua carreira como artista independente, por isso perguntava-te como vês a situação real e atual da indústria musical?
Quem está disposto a trabalhar duro pode ser muito bem-sucedido. Eu nunca tive outro emprego, só a música toda a minha vida. Para mim, a transição de músico de sessão a tempo inteiro para músico a solo foi um pouco difícil, mas fiz isso acontecer, trabalhando todos os dias do amanhecer até anoitecer!

E continuas a ser regularmente requisitado para tocar com outros artistas?
Sim, a toda a hora. Na semana passada toquei numa nova canção de Paloma Faith.

E a respeito dos Supertramp? Que memórias guardas do período em que tocaste nessa autêntica instituição musical?
É um grande conjunto de amigos e têm um catálogo muito divertido de música para se tocar ao vivo. Tivemos uma reunião no mês passado em Nova York e foi divertido ver novamente toda a gente. Esperemos encontrar-nos novamente no próximo ano. Tenho grandes memórias dos grandes espetáculos e de locais incríveis em todo o mundo.

Outro ex-Supertramp, Marty Walsh acaba, também de lançar um álbum a solo. Tiveste a oportunidade de ouvir o seu trabalho? Alguma vez tocaram juntos nos Supertramp ou não?
Ouvi o CD de Marty e gostei muito! Juntos fizemos duas tournées nos anos 80 e a partir daí fui só eu na guitarra. Mas a minha banda tocou em Boston há 3 anos e Marty veio e esteve connosco... Foi um grande momento!

Há vários vídeos feitos a partir deste álbum...
Sim... E gostaria que houvesse mais!

Carl, foi um prazer! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Muito obrigado pelo vosso apoio ao longo dos anos! Vejo-vos na tournée

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