Entrevista: Jimmy Greenspoon


A Cleopatra Records tem no mercado, desde o dia 24 de junho o álbum tributo aos seminais The Doors – Light My Fire, assim se intitula - onde um line-up verdadeiramente galático presta homenagem, de forma muito própria a um dos mais marcantes coletivos da história do rock. Jimmy Greespoon, teclista de outro nome lendário como são os Three Dog Night é um dos convidados a colaborar, participando no tema The End juntamente com Pat Travers. Fomos falar com teclista norte-americano a propósito deste tributo e aproveitamos para uma rápida passagem pela sua carreira passada e atual.

Olá Jimmy! Obrigado pela tua disponibilidade em responder a estas questões. Tens um passado relevante na música rock, mas se me permites, começaríamos pela tua participação no tributo aos The Doors, edição da Cleopatra Records. Antes de mais, de que forma a música dos The Doors te influenciou como músico ou influenciou a tua vida?
Pedro, obrigado pela oportunidade em fazer esta entrevista. Os The Doors não influenciaram a minha música ou estilo de vida mais do que todos os outros grupos que tocaram na Sunset Strip naquela altura. Os The Byrds e Buffalo Springfield tiveram mais impacto na música que viria a tocar no futuro. No entanto, a atitude da música dos Doors continha elementos que abriram o caminho para a minha viagem no rock.

Tributos aos Doors deve haver imensos por todo o mundo. De que forma analisas a importância deste lançamento em particular?
Este tributo é especial por causa de todo o poder das estrelas que participam. Algumas pessoas vão gostar, outras odiar, mas esta é a visão pessoal que estes músicos possuem sobre canções clássicas. Ninguém tentou copiar ou soar como o original.

De facto, é realmente um line up galáctico! Uma garantia de qualidade, portanto…
Na realidade, não há nenhuma garantia de que as estrelas que participam neste CD proporcionem maiores vendas, mas sim, a qualidade está lá e é soberba.

E como é que apareces neste álbum?
Toco todas as partes de teclado na música que escolhi fazer.

E essa música é a The End. É uma das tuas músicas favoritas dos Doors?
The End não era uma das favoritas em comparação com os seus maiores hits. É uma melodia obscura e mal-humorada. Tentei levá-la para um nível ainda mais alto e obscuro.

E apareces nesta porque significa algo para ti ou simplesmente aconteceu?
Para ser honesto, todos os temas mais curtos já tinham sido escolhidos, assim escolhi uma das músicas mais longas dos Doors para criar uma história sonora.

Como foi a tua aproximação ao tema? Ainda não tive oportunidade de ouvir o disco, mas pelo que já percebi, houve uma visão muito pessoal tua?
Só na estrutura é que fiquei perto do original. A gravação dos Doors tinha uma instrumentação esparsa. Para este tributo criamos uma parede escura de som.

Neste tema surges em conjunto com Pat Travers. Como foi o trabalho em conjunto?
Pat Travers e eu não gravamos as nossas partes em conjunto. Eu gravei a minha parte num estúdio na Califórnia e ele gravou a sua parte em Orlando, Florida. Coloquei primeiro as minhas partes de teclado e Pat colocou as guitarras e vocais depois.

Tu és teclista e os Doors são conhecidos, também, pelo seu grande teclista Ray Manzarek, recentemente falecido. Tiveste algum contacto com ele enquanto vivo?
Eu sou e era amigo de todos os Doors. Não tanto Ray e John, mas Jim era um amigo de frequentes bebedeiras, e sou amigo de Robbie e da sua esposa. As vidas pessoais dos Three Dogs Night e dos Doors estão interligadas.


Saltando agora para a tua carreira como músico, quais os teus projetos atuais?
Estou a trabalhar em vários projetos a solo, quando não estou na estrada com os Three Dog Night. O maior deles é um filme atualmente em pré-produção. Chama-se Sins Of The Midnight Sons. Foi escrito por Kimberly R. Morgan baseado numa história verdadeira que ela e o seu marido viveram. Material fascinante. Estou também a gravar com a minha primeira banda, The New Dimensions. Foi há 52 anos que estivemos juntos. É uma surf band da Califórnia que toca instrumentais. Temos 5 dos 6 membros originais de volta e também irei filmar um documentário para publicar com o CD. Estou também no conselho da Murray-Wood Foundation, que promove a sensibilização para as doenças de mastócitos e fiz um concerto a solos de beneficência para a fundação.

Durante a tua vida artística, tocaste em diversas bandas e colaboraste com alguns músicos bem conhecidos. Quais foram os mais marcantes para ti?
Trabalhei com tantos artistas maravilhosos, porém ter tocado todos os teclados no CD a solo de Chris Hillman Like A Hurricane foi uma alegria pura. Chris é um querido amigo que eu conheci há muitos anos atrás, quando ele era membro dos The Byrds. Além disso, o meu trabalho com Lowell George e Linda Ronstadt foi emocionante.

De qualquer das formas és mais conhecido pelos Three Dog Night. Vocês regressaram em 1981, depois de alguns anos de ausência. Como estão atualmente?
Os Three Dog Night estão mais fortes agora. Mais espetáculos, todos esgotados. Gravamos algum material novo e os nossos antigos sucessos continuam a surgir em filmes e comerciais na TV.

Sei que têm alguns espetáculos em julho. O que irão apresentar ao público? Essencialmente novas canções ou hits antigos?
Tocaremos maioritariamente hits mas não todos, já que tivemos 21. Também tocaremos duas músicas novas, e excertos de álbuns que nunca tiveram airplay, mas são favoritos dos fãs. 

E para quando um novo álbum de estúdio? Há alguma coisa definida?
Estamos tanto tempo na estrada e toda a gente tem tantos projetos paralelos, que é difícil fazer com que todos se juntem no estúdio. Vivemos espalhados por todo os Estados Unidos. Mas, além das novas canções já, temos mais duas ou três concluídas que espero venham a sair em breve.

Bem, foi um prazer ter feito esta entrevista. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado a todos os fãs de música em todo o mundo por manterem a chama acesa.

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