Beholden To Nothing,
Braver Since Then (Leviathan)
(2014, Stonefellowship Recordings)
(4.8/6)
Muitas
vezes nos últimos tempos o termo progressivo tem sido utilizado indevidamente
(eventualmente até por nós próprios). Mas desta vez, esse termo tem total
cabimento. A banda Cristã do Colorado Leviathan
regressa com um trabalho extraordinariamente longo (15 temas em 75 minutos)
em que o progressivo é levado com total rigor. Arranjos complexos, jogos
estruturais, espaço para as masturbações técnicas dos músicos mas mantendo
também o espaço para a canção. Beholden
To Nothing, Braver Since Then cruza toda a capacidade técnica com momentos
cheios de sentimento e algumas belas melodias. Muitos desses momentos são
conseguidos com a utilização de guitarras acústicas e clássicas, violinos e
violoncelo. Curioso é, também, a introdução de imensas partes narradas, dando a
sensação de se tratar de uma banda sonora de um qualquer filme. Diversidade é
portanto uma palavra que deve ser empregue para descrever Beholden To Nothing… Mesmo que se possa por em causa algumas das
opções tomadas pelos Leviathan neste
disco (que acabam por afetar de forma negativa o trabalho), como seja o
exagerado número de temas e tempo do álbum, ou como algumas passagens com menor
interesse, de uma coisa não pode haver dúvidas: o quarteto americano explora
como poucos a sua costela progressiva, arrisca, sai da sua zona de conforto e
explora outras vertentes. Os Leviathan
são, para além de diversificados, como já vimos, ecléticos e criativos. Mas atenção porque Beholden To Nothing… tem alguns momentos
sensacionais: A Shepher’s Work, Intrinsic Contentment, Creatures Of Habit, A Testament For Non-Believers, If
The Devil Doesn’t Exist, Thumbing
Your Nose At Those Who Oppose ou Beholden
To Nothing. Mas não é um
álbum homogéneo e esse é o seu principal problema. Por exemplo Empty Vessel Of Faith tem uma secção
espetacular à qual se segue uma segunda parte desinteressante; já Magical Pill Provided, sendo um dos
temas mais fracos, apresenta uma secção final espetacular. Estranho sem dúvida.
Uma bipolaridade que só se explica por aquilo que já avançámos: uma intrínseca
capacidade de arriscar, de explorar, de criar… e nesse sentido Beholden To Nothing, Braver Since Then é
do melhor que se tem feito neste setor.
Tracklist:
1.
Ephemeral Cathexis
2.
A Shepher’s Work
3.
Intrinsic Contentment
4.
Overture Of Exasperation
5.
Creatures Of
Habit
6.
Solitude Begets Ignorance
7.
A Testament For Non-Believers
8.
If The Devil Doesn’t Exist…
9.
Magical Pill Provided
10. Thumbing Your Nose At
Those Who Oppose
11. Empty Vessel Of Faith
12. Words Borrowed Wings
13. Bettering Darklighter
14. Misanthrope Exhumed
15. Beholden To Nothing
Line-up:
Jeff Ward - vocais
John Lutzow – guitarras,
teclados
Dave Rumbold – bateria
Derek Blake – baixo
Convidados:
Ronald Percival, Trevor
Helfer, Paul Perry - bateria
Rachel Segal – violin e
viola
Tom Capek - piano
Jason Boudreau – guitarra
solo em Testament For Non-Believers
Chris Lasegue – guitarra
solo em Empty Vessel Of Faith
Internet:
Edição: Stonefellowship Recordings
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