Entrevista: Alexandre Cthulhu

Músico itinerante com influências blues/rock, Alexandre Cthulhu apresenta um trabalho musical, onde a expressão pessoal é feita unicamente através da guitarra elétrica, com incursões por estilos tão diversos como os blues e o classic rock. Depois do seu trabalho com os Face Oculta, Fides é já a sua segunda gravação, sucedendo a Psyche. Tendo por base esta segunda proposta, o guitarrista voltou a responder a algumas questões de Via Nocturna.

Segundo trabalho em nome próprio, desta feita com uma abordagem musical diferente. Porquê?
Por dois motivos: em primeiro lugar porque queria fazer um álbum onde estivesse registado toda a minha emoção através da guitarra; em segundo lugar porque queria que este álbum soasse a Cthulhu e a mais ninguém.

Parece-me que em relação a Psyche houve uma fação da comunidade rockeira que não entendeu o teu trabalho. Este Fides, de alguma forma é uma resposta a essa fação ou nem por isso?
Desconheço essa “fação” a que te referes… Apenas me cinjo a compor e praticar para estar a altura quando toco ao vivo, pois o feed back que me é dado nos concertos é que me dá motivação para fazer cada vez melhor, e aí posso garantir-te que trabalho (convites) não me tem faltado e que o número de fãs é crescente. Contudo, posso adiantar-te que o Psyche passou em diversas rádios dos Estados Unidos e que a opinião foi muito boa. Tal como deste novo trabalho Fides, tenho lido reviews muito, mas muito entusiastas, vindas das terras do Tio Sam. Quando um músico usa os seus trabalhos para dar uma “resposta” aqui ou ali, está claramente a desfocar-se daquilo que mais importa, que são os verdadeiros seguidores do teu trabalho, aqueles que compram os Cd`s, as camisolas e vão aos concertos. Compus o Fides com um único objectivo: fazer um álbum de guitarra, onde a emoção, a paixão e o sentimento estivessem sempre presentes. E na minha opinião, consegui-o.

Em Psyche tocaste sobre backingtracks. E agora o processo foi idêntico?
Em Fides não. Foi diferente. Estive com músicos profissionais em estúdio


Como decorreu o processo de composição?
Comecei a compor o Fides ainda durante a fase Face Oculta e Psyche. Temas como Beer Can e Blues For My Friends eram arranjos que já estavam quase completos. Contudo, quando tive a ideia de tocar com a lata, percebi que tinha de explorar aquela parte experimental ao máximo. E foi que decidi “colar” alguns double stops (duas notas tocadas simultaneamente) ao estilo de Chuck Berry, o que resultou muito bem. O Blues For My Friends, foi um tema que até constou no Psyche como bonus track do EP em formato físico, mas o resultado final não me convenceu (tinha demasiado fuzz). Voltei a gravá-lo, desta vez mais clean. Os restantes temas foram surgindo, fruto de diversas emoções e sentimentos.

No que diz respeito á gravação onde fizeste a captação e quem trabalhou contigo?
Gravei exactamente com o mesmo produtor (Paulo Viera) no estúdio dele.

Existe algum significado para o título Fides?
Sim, Fides é uma palavra latina com significados abrangentes, tais como Fé, confiança, lealdade. Adoro investigar sobre este termos, pois a língua antiga tinha a versatilidade de abranger vários significados. O mesmo aconteceu com Psyche (a alma, como o corpo).

Para além do blues introduzes algumas escalas mais exóticas, próximas do oriental. Como surgiram essas influências?
Surgiram de alguns workshops que tenho participado, bem como uma busca incessante por texturas mais alternativas, que coladas a um padrão blues, resultam de uma forma exótica como tu dizes. O Byzantium Blues é exactamente isso. Uma escala (escala bizantina) orquestrada sobre uma malha de blues.

Beer Can é um tema curioso. É verdade que foi ou é tocado com uma lata de cerveja?
É tocado com uma lata em vez de uma palheta. Se vires o vídeo que está no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=nGQ517wRusU) ele relata de forma fidedigna como surgiu a ideia, ou seja eu estava magoado na mão direita e não conseguia dedilhar nem segurar a palheta, estava a afogar as minhas mágoas em álcool (risos) e foi quando experimentei tocar com a lata. A partir daí explorei aquilo ao máximo. Até a Superbock me enviou um mail a dar os parabéns (risos).

Como foi que surgiu a ideia de fazer uma cover de Driving Sideways?
Conheci este tema através de Mick Taylor, mas na realidade o tema original é de Freddie King. Era uma música que andava a aprender porque sempre gostei muito dela, e como é óbvio não hesitei em colocá-la no álbum porque adorei o resultado final.


Como estamos quanto ao processo de apresentação de Fides ao vivo?
Muito bem. O Fides foi apresentado na Fnac de Cascais no passado dia 15. Tenho um contrato com um bar de música ao vivo, onde faço um noite de blues mensal, e vou voltar às festas de Corroios em setembro. Entretanto diversos espaços em Lisboa manifestaram interesse em que eu me apresentasse lá… e estamos em fase de negociações.

Fala-nos da tua experiência com as músicas para a peça Em Caixa do Chapitô. Como se proporcionou essa experiência?
Foi magnífico e único. Porque fiz parte de uma orquestra onde havia um piano, uma bateria, um steel drum, um violino, etc. O meu papel ali era inserir a guitarra eléctrica no meio daqueles instrumentos todos, o que resultou numa ambiência brutal. Posso-te dizer que quando se cruzou o steel drum com a guitarra eléctrica, creio que fizemos historia (risos).

Naturalmente já viste a peça…
Sim, tenho-a em DVD, pois a minha filha fazia parte do elenco e também tocava umas guitarradas (até tocou com um arco de violino, tipo Jimi Page). Um dia gostaria de inserir muito do que ali foi feito nos meus concertos.

E a respeito dos Face Oculta, para quando prevês o seu regresso às gravações?
Os Face Oculta de momento estão de férias. A Presságios Tour foi cansativa (risos).

A terminar, queres acrescentar algo que ainda não tenha sido abordado?
Sim. Quero deixar aqui um voto de agradecimento a todas as páginas, rádios, Tv’s interactivas que me têm apoiado e divulgado, um grande bem-haja à Via Nocturna, e um mega beijo para as minhas Mosqueteiras.

Comentários

  1. Conseguiste, de facto FIDES é pura emoção a cada acorde e onde cada tema nos transporta a diferentes estados de alma.
    Mais do que nunca a minha "fides" e apoio são incondicionais e o meu orgulho em ti não cessa de crescer.
    Parabéns e obrigada VIA NOCTURNA pela entrevista e apoio a este guitarrista de talento imenso.
    Para ti Alexandre, desejo de sucesso sem fim e um mega beijo desta tua Mosqueteira :)

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