Entrevista - Blitzkid

Com treze anos de carreira alicerçada em inúmeras presenças em festivais na Europa e Estados Unidos, os norte-americanos Blitzkid atingem o seu sétimo álbum de originais intitulado Apparitional. Numa aposta da People Like You, a banda de West Virginia congrega num só disco todas as suas vivências e criações anteriores, como o simpático Gooslbyn (vocalista e baixista) nos esclarece.

Para começar podes falar-nos um pouco sobre os Blitzkid?
Os Blitzkid formaram-se no inverno de 1997 em Bluefield, WV. Começámos a viajar e a ter aparições ao vivo imediatamente. Desde essa altura que temos vindo a gravar e lançar discos de forma independente. Em 2004 assinámos com a alemã Fiend Force Records e fizemos uma tournee, desta vez com a Europa na rota. Estivemos na Fiend Force até o ano passado, quando nos juntámos à People Like You Records. O nosso novo álbum Apparitional será lançado em março de 2011. Somos uma banda com temas rápidos e melódicos com pendor para ganchos melodiosos e refrães orelhudos. Introduzimos uma dose de amor nas coisas mais escuras da vida e por isso temos sido apelidados por alguns de banda de horror-rock. Isso é porreiro porque nos identificamos com nomes como Misfits, Screamin Jay Hawkins, Bauhaus. No entanto, temos muitas influências exteriores a esse tipo de bandas que ajudam a criar a personalidade Blitzkid.

Sendo Apparitional o vosso sétimo álbum, como o descreveriam?
Originalmente, no início, éramos apenas uma banda punk arrogante que introduziu, no segundo álbum, mais horror nas temáticas das músicas. Essas canções foram caracterizadas pelo estilo whoa oh mais familiar de bandas como os Misfits. Essa influência tornou-se o centro da nossa música até ao álbum Five Cellars Below na altura em que decidimos incorporar outro tipo de influências. Bandas como The Clash, The Damned, Nick Cave, Corrupted Ideals e Bad Religion sempre foram muito influentes para nós. Isso mudou um pouco as coisas, com sucesso, na minha opinião. Foi, definitivamente, muito diferente de tudo o que tínhamos feito antes. Eu acho que nós realmente encontrámos o nosso som nesse álbum. Em Apparitional retomamos a lição que aprendemos com Five Cellars Below, que podemos ter um som mais forte, mas trouxemos de volta às canções as batidas e estruturas punk. Trata-se de uma mistura muito agradável dos velhos Blitzkid que muita gente gosta e do estilo Five Cellers Below que muita gente gosta também.

Que expectativas têm para este álbum?
Estamos ansiosos que os fãs ouçam as novas músicas! Temos vindo a tocar alguns temas deste álbum há mais ou menos um ano e até agora as reações têm sido muito boas. Mal posso esperar para que todos o ouçam. Acho que as pessoas vão gostar muito deste álbum. Eu gosto, e como perfecionista que sou isso quer dizer muito!

Ao longo destes 13 anos de carreira vocês atuaram muito e são presença regular em festivais. Como é que todas essas experiências se refletem na altura de escrever novos termas?
É muito motivador para nós sermos convidados a fazer parte de grandes festivais, tais como Mera Luna, Summer Breeze, Endless Summer, Rock My Ass e WGT. É um sentimento muito bom saber que posso viajar até ao outro lado do mundo, tocar as canções que vêm do meu coração e as pessoas recebê-las nos seus. É muito gratificante e a satisfação traz-me um monte de inspiração e criatividade. Ajuda-me imenso quando estou a compor.

Tens alguma experiência em escrever temas para filmes de terror. Como te sentes nesse papel?
Não me importo. Eu não me esforço para sermos associados com temas de terror e filmes, mas acho que temos sido bem sucedidos nisso e por um bom motivo. Sempre fui intrigado com filmes de terror, literatura e cultura. E sempre vi paralelos sociais nos filmes de terror antigos, na situação de o homem vs. o monstro em que é levantada a questão "qual é realmente o monstro?". Quando cheguei ao punk rock descobri muitas semelhanças com esses temas. Tinha um monte de emoções reprimidas em mim como todos os adolescentes fazem e o punk rock era a minha saída. Eu sempre fui um sonhador e os filmes de terror e a literatura foram o meu retiro na juventude. Eu penso que há um elemento no que fazemos, que é um pouco de ironia e, às vezes, intencionalmente exagerada, mas o cerne de todas as nossas músicas é uma metáfora para a impossibilidade do ser humano. Eu acho que nossos fãs entendem isso. As nossas canções, a este nível, são honestas e reais, e isso ajudou a estabelecermo-nos.

Desta vez introduziram um novo membro nos Blitzkid. Qual foi o seu input no processo criativo de Apparitional?
Nathan Bane teve muito que fazer para contribuir para esta banda. A maioria dos temas de Apparitional foi escrito quando ele se juntou à banda, mas ele e eu temos escrito muitas músicas ultimamente. Ele é um génio e mal posso esperar para que as pessoas vejam isso e confirmem quão forte será o nosso material futuro. Eu vi isso recentemente quando nos sentamos para escrever canções. Somos como o Mick Jones e Joe Strummer do horror rock [risos].

Vocês têm alguns convidados no álbum? Quem são eles e que papel desempenham?
Sim, temos alguns convidados no álbum. Doyle dos lendários Misfits toca guitarra numa canção chamada Mr. Sardonicus, Chacal e Vlad dos Crimson Ghosts de Colónia compartilham os vocais em Blutsauger, e os membros dos Cryptkeeper Five de Trenton, Nova Jersey emprestam seus talentos vocais e instrumentais, aqui e ali ao longo do álbum. E eu toco guitarra em algumas músicas também.

A respeito de presenças ao vivo para promover Apparitional, o que nos podes dizer? E o que pode a Europa esperar?
Nós iremos voltar ao Velho Continente na primavera de 2011 para apresentar Apparitional. Depois regressaremos fazer alguns festivais por volta do mês de agosto. Fiquem atentos ao nosso site www.blitzkid.com para mais informações sobre os festivais onde iremos tocar. Penso que estaremos de volta na altura do Halloween, também. Pelo menos assim espero. Já vivemos tantos Halloweens a tocar na Europa que ele nem se sente bem sem lá estarmos!

Sei que os vossos espetáculos ao vivo são muito intensos. Podes descrevê-los um pouco?
Sim, podes chamá-los de intensos. Colocamos muita energia, quando tocamos, porque estamos muito ligados ao que fazemos. Pessoalmente, não sinto maior alegria e pureza do que quando estou no palco. Não se trata de ser visto e tratado como importante. É sobre transferir toda a energia que se sente para a audiência, vê-lo percorrer o público e voltar para nós. É uma coisa linda quando te podes ligar assim com uma sala inteira cheia de pessoas. A energia cresce e cresce. É como um exorcismo pessoal através da música. É um processo muito antigo e cerimonial e a nossa energia é o resultado da energia que recebemos.

Finalmente, que projetos ainda pensas realizar?
Já estamos a fazer uma lista de músicas para o nosso próximo disco. Até já temos um título para ele e tudo mais [risos] Mas precisamos dar um passo de cada vez! Tenhamos a certeza de que, amando-nos ou odiando-nos, nós cá estaremos.


Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.

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